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Dieta do ovo faz perder 5 a 7 quilos numa semana? Tem riscos?

10 Nov 2023 - 10:12

Dieta do ovo faz perder 5 a 7 quilos numa semana? Tem riscos?

A dieta do ovo já não é recente. Ao longo dos anos, foram surgindo várias versões desta dieta restritiva, mas foi em 2018 que este regime ganhou popularidade, quando Arielle Chandler publicou um livro sobre a dieta do ovo cozido. No livro, a autora alega que é possível perder cerca de onze quilos em duas semanas com esta dieta.

Como o nome indica, a dieta do ovo consiste, sobretudo, na elevada ingestão de ovos cozidos. Além disso, inclui frutas e vegetais com baixo teor de hidratos de carbono e outras proteínas magras.

Atualmente, são publicados vários vídeos no TikTok em que se mostra os resultados de diversas variantes desta dieta restritiva. Algumas publicações defendem que, com esta dieta, é possível perder entre 5 quilos numa semana e 7 quilos numa semana. Confirma-se? Quais os riscos em seguir esta dieta restritiva?

Seguir a dieta do ovo permite perder 5 a 7 quilos numa semana?

Em declarações ao Viral, Maria Novais da Fonseca, nutricionista especializada em tratamento de distúrbios alimentares, adianta que a dieta do ovo “é uma dieta altamente restritiva e hipocalórica (oferece menos calorias do que o corpo precisa)” que “resulta a curto prazo, pois, de facto, a pessoa perde peso”.

A nutricionista considera curioso as pessoas ainda recorram à dieta do ovo, uma vez que o alimento tem suscitado muitas dúvidas nos últimos anos. “O ovo já foi considerado um alimento proibido” e, inclusive, “chegou a defender-se que “não se podia comer a gema”, ou que “o ovo devia ser comido de certa forma”, aponta.

Ao fim de poucos anos, já se diz que o ovo é “um super alimento e deve ser comido”, acrescenta. Afinal, qual o papel do ovo numa dieta restritiva?

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“O ovo é um alimento qualitativo, como muitos outros, que pode e deve fazer parte da nossa alimentação”, salienta Maria Novais da Fonseca. Contudo, segundo a nutricionista, não faz sentido “colocar o ovo num pedestal” e afirmar que “é o melhor alimento com um super poder”.

O que resulta nesta dieta “é o défice calórico”, ou seja, consumir-se menos calorias do que as gastas. “O ovo traz alguma saciedade, como outros alimentos também trazem”. Por isso, no fundo, esta “é só mais uma dieta restritiva”, reforça a especialista.

Quais os riscos da dieta do ovo?

Na visão de Maria Novais da Fonseca, a dieta do ovo “não é sustentável a longo prazo”. Em primeiro lugar, refere, “as pessoas não vão conseguir comer a quantidade de ovos proposta durante muito tempo”.

Depois, esta dieta “não traz praticamente variedade alimentar”. Além disso, este regime propõe uma restrição dos alimentos do “grupo dos hidratos de carbono (cereais e derivados), que é muito importante para a energia do nosso corpo”.

Assim, “o corpo também não vai aguentar eternamente sem este grupo alimentar”, cujo consumo está recomendado, avisa a nutricionista.

Para mais, seguir esta dieta “não muda o comportamento alimentar”. Segundo Maria Novais da Fonseca, “incentiva-se as pessoas a perderem peso, mas faz-se isto de uma forma que não é viável a longo prazo”. 

Por outro lado, acresce o problema do curto prazo de validade da dieta. Sabe-se que a grande maioria das “pessoas que fazem dietas restritivas voltam a ganhar peso”, aponta. 

“Fazer um esforço enorme para alcançar um objetivo, alcançá-lo e depois ganhar peso assim que se volta a comer de forma ‘normal’, gera muita frustração, culpa e insegurança alimentar”, alerta a nutricionista. 

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Noutro plano, a nutricionista considera importante ter em conta que, para “as pessoas com uma propensão genética para perturbações do comportamento alimentar, fazer uma dieta restritiva significa aumentar brutalmente a probabilidade” de desenvolver uma doença deste tipo.

Como perder peso e manter o peso de forma sustentável?

Como o nutricionista Leandro Oliveira explicou anteriormente ao Viral, é recomendada “uma perda de peso gradual e consistente”, em que “o importante é consumir menos calorias do que as que se gasta”.

Na visão de Maria Novais da Fonseca, nesse processo, “o foco deve ser a pessoa estar em paz com a sua alimentação”. Mas isto não significa “comer tudo o que aparece à frente, é estar consciente das suas escolhas e fazer as suas escolhas em função da sua fome”, clarifica.

Conseguindo ter essa tranquilidade, “se há peso a perder, vai acontecer”. Isto porque “o peso não é um comportamento, é uma consequência de uma alimentação equilibrada”, conclui.

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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Categorias:

Alimentação

Etiquetas:

Produtos naturais

10 Nov 2023 - 10:12

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